terça-feira, 29 de dezembro de 2009

De repente, não mais que de repente.

O som transformou-se em silêncio, e o sorriso em choro.

Quando a música não me embalar mais com seu ritmo, no momento tão melacólica quando eu, o que me moverá?
Sinto-me presa num estado atemporal composto pelo silêncio de muitas vozes, indefinido pela estabilidade dos desejos e sujeitado aos ciclos da vontade. Quanto mais eu penso sobre ele, mais eu pareço mergulhar nele. E o não pensar? não pensar é o próprio estado em si.
A música parece interminável, mas sei que ela é finita. O que acontecerá quando ela terminar?
Nessa dimensão na qual me sinto condicionada, não sei se por hábito, vontade ou imposição, retira das coisas todo o seu esplendor.Pois, os instantes deixam as coisas mais belas, as transforma em coisas únicas. No instante seguinte elas terão outra conotação, elas deixam de ser subjectivamente como foram instantes atrás.
logo, quando o tempo e consequentemente os instantes deixam de se fazer presentes e senhores das ações, o que resta de belo nas coisas?Elas serão imutáveis. Nossa percepção sobre elas pode mudar, mas e se nós ficarmos estáticos? Comendo nosso cereal matinal enquanto o mundo vai ao inferno. Observando os outros se importa e fingindo interesse...
O teatro do cotidiano com seu texto previsível e suas personagens pobres, do ponto de vista psicológico, não me surpreende mais e me empurra mais pra essa dimensão. Sigo representando o meu papel sem acrescentar nenhuma característica marcante e sem me fazer notar, Sendo apenas mais uma figurante ao fundo, auxiliando e me sacrificando pelos heróis. Não quero lutar por mais espaço, há tempos estou presa entre essas dimensões....

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